Resenha: Lugar Nenhum

Olá pessoas!
Estou com tudo nas postagens, não? Pois bem, mais um dia, mais uma resenha. Desta vez falarei de um dos meus autores favoritos, mais pelas suas ideias que de fato pelas histórias. Estou falando de Neil Gaiman, o célebre criador do famigerado quadrinho Sandman, que eu adoro, além de autor de alguns bons livros como Deuses Americanos, Belas Maldições e Filhos de Anansi. Entretanto, hoje falarei do último livro que li do Gaiman, que, como dizem as más línguas, é seu primeiro romance: Lugar Nenhum.

Para quem não sabe, Lugar Nenhum foi concebida originalmente como uma série de televisão em seis capítulos, tendo sido transmitida pela rede inglesa BBC. Transformar a série num livro se provou um passo certo para Gaiman, tendo sido um grande sucesso. Pena que demorou tanto para ser lançado no Brasil, e mais ainda para eu lê-lo. Resumindo a história, o livro conta as desventuras de Richard Mayhew, um escocês que resolveu ir morar em Londres e ter uma vida normal como a de qualquer outro, ficando até noivo, pelo menos até se deparar com uma moça toda ensanguentada chamada Door. Resolvendo ajudá-la, Richard acaba caindo de ponta cabeça num mundo subterrâneo e estranho conhecido como Londres-de-Baixo, que fica oculto do mundo “real” de uma forma que ele não compreende e que, uma vez dentro deste mundo, é “impossível” retornar a realidade. Sua vida e as lembranças da sua existência na Londres-de-Cima são apagadas e ele passa a não existir mais para tudo e todos que conheceu. Desesperado, a sua única esperança de retornar a realidade é seguir neste mundo desconhecido e desbravá-lo a fim de encontrar uma saída para o seu dilema.

Como um primeiro livro, Gaiman até que mandou muito bem. Diferentemente das demais obras que citei no início da postagem (as quais li na ordem mostrada), sua narrativa é bem direta ao ponto e se tornando até previsível em certas partes. Entretanto, isso em nada diminui a qualidade do livro. De fato, eu considero este um dos melhores livros que li do autor até o momento, ficando no mesmo patamar que Belas Maldições, um trabalho conjunto com o “sobrenatural” Terry Pratchett. Enquanto que Deuses Americanos e Filhos de Anansi têm seus atrativos, mas são livros muito arrastados e que a narrativa demora demais para engatar, Lugar Nenhum não perde tempo e prende o leitor logo de cara, fazendo-nos mergulhar neste mundo fantástico e sobrenatural que é a Londres-de-Baixo, explorando-o junto ao protagonista. E é justamente criando um background fabuloso que o talento de Gaiman aflora, mostrando-nos um mundo tão peculiar que poderia ser facilmente usado em muitos jogos de RPG (eu aconselho usar imensamente Changeling Os Perdidos).

Ao ler Lugar Nenhum posso afirmar com certeza que esta é uma leitura obrigatória para os fãs de literatura fantástica, e principalmente para quem gosta de RPGs com a temática sobrenatural moderna (de novo, Changelling). Infelizmente, porém, o livro é uma raridade bem difícil de encontrar por ai, já que foram publicadas apenas algumas tiragens. Ainda assim ele vale o investimento, tanto financeiro quanto para encontrá-lo.

Até and Bye...

Comentários

  1. Eu li Lugar Nenhum há poucos meses. E concordo completamente com a frase a respeito de Gaiman: muito melhor nas ideias do que na sua execução, especialmente quando diz respeito ao encerramento dos seus livros. Fiquei com a sensação de narrativa episódica, quase um road book, mas com muitos elementos introduzidos à trama apenas para dar lugar à imaginação do autor, e não necessariamente para levar a história adiante.

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    1. @Hentges
      De fato, Gaiman tem o mal de imaginar um mundo tão vivo e brilhante que simplesmente não consegue se conter em tentar expô-lo ao máximo na mídia que está produzindo. E a sensação de narrativa episódica se dá muito pelo fato do livro ter sido escrito em cima dos episódios do seriado do qual se originou.

      Até and Bye...

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